domingo, 28 de agosto de 2022

Política

Diogo de Gouveia, o intelectual português que pensou as Capitanias Donatárias

Por Miguel Louro

Publicado na página Nova Portugalidade do Facebook em 18 de julho de 2022

Diogo de Gouveia nasceu em Beja no ano de 1471, filho de Antão de Gouveia.

Em 1499 foi estudar para Paris, no Collège de Montaigu , beneficiando de duas bolsas de estudo oferecidas por Jan Standonck, reitor da instituição, ao rei D. Manuel I como compensação por um ataque de corsários franceses a um navio Português. Diogo Gouveia estudou também na Universidade de Paris, onde se tornou Mestre de Artes. Gouveia seria ainda ordenado sacerdote, formando-se como Doutor em Teologia em 29 de abril de 1510.

A partir de 1512 atuou como agente diplomático do rei D. Manuel I em França, atendendo essencialmente a reclamações de proprietários de navios portugueses atacados por corsários franceses.

Em 1520 Gouveia decidiu comprar o parisiense Collège Sainte-Barbe com fundos do Rei, acabando por conseguir alugá-lo perante a resistência do proprietário Robert Dugast, tornando-se seu reitor e convertendo-o numa verdadeira faculdade portuguesa dentro da Universidade de Paris. 

Em 1526, após ser aconselhado por Diogo de Gouveia, o Rei D. João III criou mais de 50 bolsas de estudo para estudantes portugueses em Paris, encontrando-se entre estes alunos André de Gouveia e Diogo de Teive.

No ano de 1532, para combater os crescentes avanços de corsários franceses na costa brasileira, Diogo de Gouveia, juntamente com Cristovão Jacques, sugeriria ao Rei que este introduzisse o sistema de Capitanias Donatárias no Brasil, sugestão que seria implementada em 1534.

Em 1537, Diogo de Gouveia realizou missões diplomáticas na França em nome de D. João III. Participaria na aprovação papal da Companhia de Jesus e empenhou-se em garantir que os seus membros participariam nas missões portuguesas.
No ano de 1542, o Rei D. João III decidiria fundar o Real Colégio das Artes e Humanidades de Coimbra, com o objetivo de preparar em Portugal os futuros estudantes universitários, chamando para o dirigir André de Gouveia, destacado diretor do Colégio de Guyenne e sobrinho de Diogo de Gouveia. Diogo de Gouveia opôs-se publicamente à nomeação do sobrinho, acusando-o de Luteranismo, referindo que o nomeado deveria ser Diogo Gouveia, o moço, seu primo.

Diogo de Gouveia regressaria a Portugal em 1556, onde se tornaria Cónego da Sé de Lisboa, tendo vindo a falecer no ano seguinte. 

Enterrado no Cruzeiro da Sé, tinha inscrito no seu epitáfio, hoje perdido, que “aqui reside Diogo Gouveia Doutor em Teologia e reitor da Universidade de Paris, Canon nesta Santa Sé, que alcançou e servido cinco reis de Portugal e quatro da França e participou e negociado para o bem da fé e honra deste Reino. Ele morreu no dia 8 de dezembro 1557.”

Em sua honra, podemos ainda hoje encontrar em Beja a Escola Secundária Diogo de Gouveia.


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