domingo, 12 de março de 2023

Tomar, Portugal

História


As origens de Tomar recuam há mais de 30 mil anos, como revelam os vários achados arqueológicos que comprovam a presença humana no território. Sabemos que por cá estiveram Romanos, Bárbaros, Suevos, Visigodos e Árabes – e todos deixaram marcas da sua passagem.

Foi em 1159 que D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal, doou este território à Ordem do Templo, como recompensa pelo auxílio prestado na formação do reino e pelos grandes feitos militares alcançados. Um ano mais tarde, seriam os Cavaleiros Templários e o Grão-Mestre Gualdim Pais a mandar construir o Castelo, que viria a ser a sede da Ordem em Portugal, e a fundar a vila de Tomar.

Em 1312, com a reforma imposta pelo rei francês Filipe IV e pelo Papa Clemente V, a Ordem do Templo é extinta. Em Portugal, sob a proteção e com o empenho de D. Dinis, esta é convertida na Ordem de Cristo,  recebeu o título de governador da Ordem de Cristo. A Ordem teve um papel preponderante na grande empreitada dos Descobrimentos Marítimos, cuja estratégia aqui começou a ser delineada. Mais tarde, com D. Manuel I e depois com seu filho D. João III, este crescimento exprime-se também a nível artístico e comercial.

Acorrem a Tomar grandes artistas nacionais e internacionais, como João de Castilho, Oliver de Gand, Diogo de Arruda, Gregório Lopes, João de Ruão e Diogo de Torralva, entre outros.

A partir de finais do século XIV, assistimos, também, à expansão e crescimento da comunidade judaica. Esta comunidade abastada, com fortes ligações à Ordem, contribui largamente para os Descobrimentos, quer através de importantes contribuições financeiras, quer através dos seus vastos conhecimentos técnicos especializados. Oriunda sobretudo de Espanha, instala-se na vila e desenvolve uma importante atividade comercial. Após o édito manuelino de expulsão e conversão dos Judeus, muitas das famílias judaicas não convertidas abandonam o país, mas as marcas da Judiaria permanecem, deixando para sempre, em Tomar, um importante legado: a sua sinagoga.

No ano de 1581, Filipe II de Espanha convoca as cortes, em Tomar. É no período filipino que é construído o Aqueduto dos Pegões Altos, com o fim de abastecer de água o Convento de Cristo.

Os séculos XVIII e XIX foram de florescimento industrial, com a instalação da Real Fábrica das Sedas e, mais tarde, da Real Fábrica de Chapéus. Pela mão de Jácome Ratton e de Timóteo Verdier, é construída a Fábrica de Fiação. Também a indústria do papel prosperou neste território, com as Fábricas do Prado, da Matrena e de Porto de Cavaleiros.

Na sequência da visita da rainha D. Maria II, em 1844, a vila de Tomar é elevada a cidade.

Os finais do século XIX encontram-se bem caracterizados na importante coleção de fotografias de Silva Magalhães, o primeiro fotógrafo de Tomar.

No dealbar do século XX, Tomar será uma das primeiras cidades do país a possuir iluminação pública, graças à central elétrica instalada pela empresa Cardoso d'Argent no antigo Lagar de Pedro d'Évora. Esta central é vendida em 1910 à Sociedade Manuel Mendes Godinho, para alimentação da moagem A Portuguesa. Ao longo do século XX, Manuel Mendes Godinho será uma figura incontornável do desenvolvimento da cidade, criando um importante grupo económico que subsistiu até às últimas décadas do século.

Em 1983, a singularidade do conjunto do Castelo Templário e Convento de Cristo é reconhecida pela UNESCO, que o classifica como Património da Humanidade.

De então para cá, tem vindo a afirmar-se a vertente turística da cidade, assente na sua riqueza patrimonial e cultural.

Link da Matéria, acesso em 12/03/2023

Tomar, Portugal

Estátua do Infante Dom Henrique


Junto aos portões da Mata Nacional dos Sete Montes, em Tomar, um tributo àquele que ficou para sempre ligado ao desenvolvimento económico e cultural da cidade. Aqui foi inaugurada, a 18 de dezembro de 1960, a Estátua do Infante Dom Henrique, a forma como a cidade decidiu prestar homenagem ao Infante Navegador, precisamente quando se assinalava o quinto centenário sobre o ano da sua morte. O evento teve direito a honras militares do Regimento de Infantaria e da sua banda.

A estátua em bronze é da autoria do escultor Henrique Moreira (que assina outras obras na cidade, como o Monumento aos Combatentes da Primeira Guerra Mundial, que se encontra junto à estação da CP).

O Infante D. Henrique é um vulto enorme na história nacional e universal, pelo papel determinante que lhe é atribuído na grande empreitada portuguesa dos Descobrimentos. É o quinto filho do rei D. João I e de D. Filipa de Lencastre, tendo nascido no dia 4 de Março de 1394 na invicta cidade do Porto.

A sua ligação com Tomar começa no ano de 1420, quando foi nomeado pelo Papa, a pedido do seu pai el-rei D. João I, Governador e Regedor da Ordem de Cristo. O Infante foi o primeiro mestre laico da Ordem, tendo realizado reformas importantes que, por um lado, a aproximaram da sociedade civil, e por outro, reforçaram o seu papel central enquanto autoridade religiosa e espiritual das terras descobertas. Aos frades contemplativos competia rezarem pelos navegantes de além-mar e à Ordem competia formar e providenciar os padres que partiriam para a evangelização e povoamento dos novos territórios. 

São muitos os legados que deixou à cidade, desde o paço ou palácio que mandou construir para sua residência, no Castelo (os Paços do Infante, que se tornaram residência real quando os Reis se deslocavam a Tomar), até à edificação do Claustro do Cemitério e do Claustro da Lavagem, no Convento de Cristo.

Também foi D. Henrique que, em 1421, criou a primeira Feira Franca, ou seja, uma feira que decorria na praça principal da cidade, onde os mercadores podiam vender sem pagar impostos, tendo, também, mandado construir os edifícios dos Estaus, que serviam de estalagem aos forasteiros e mercadores, aposentos para membros da nobreza em visita a Tomar, e local de comércio. Foi também o responsável pela construção das Boticas do Infante, em frente à Igreja de São João Batista, onde se vendiam produtos vindos das ilhas e da costa africana.

Igualmente relevante foi a intervenção no rio Nabão, que permitiu ganhar terreno ao rio para fazer crescer a cidade (nesse tempo, o rio era muito mais largo, com margens pantanosas e com pequenas ilhotas; foi D. Henrique quem mandou afundar o leito do rio, deixando apenas uma ilha no centro, o Mouchão).

O Infante também contribuiu para o desenvolvimento comercial e industrial da cidade, nomeadamente através da sua ligação às Saboarias (fábricas de sabão), de que detinha a exclusividade do fabrico e comercialização.

Relevante, também, a sua forte ligação e a proteção que assegurou aos judeus residentes em Tomar, tendo mesmo autorizado a construção da sua Sinagoga. Em contrapartida, a comunidade judaica sempre foi uma importante aliada do Infante, com as suas contribuições, tanto ao nível financeiro, como ao nível do conhecimento científico e cultural, para a grande epopeia das Descobertas.

Por fim, é ainda a D. Henrique que se fica a dever a modernização da prestação dos cuidados de saúde, na época, pois foi ele o responsável pela agregação das catorze gafarias (designação dos hospitais ou casas onde os doentes eram tratados) numa só instituição, o Hospital de Santa Maria da Graça.

Henrique, cujo legado é bem visível no traçado urbano de Tomar e na importante herança económica e cultural que para sempre a marcou, veio a falecer em Sagres, no dia 13 de novembro de 1460.

Link da Matéria, acesso em 12/03/2023.