domingo, 28 de agosto de 2022

Holandeses no Brasil

Henrique Dias, herói da Insurreição Pernambucana que expulsou os holandeses do Brasil

Por Miguel Louro

Publicado na página Nova Portugalidade do Facebook em 20 de julho de 2022

Henrique Dias nasceu em Pernambuco, em data desconhecida no início do século XVII, filho de escravos libertos. Quase nada é conhecido relativamente aos seus primeiros anos.

Em 1630, os holandeses tomariam Pernambuco, obrigando as tropas portuguesas, comandadas por Matias de Albuquerque, a recuar para o interior.

Em 1631, Henrique Dias alistar-se-ia nas tropas de Albuquerque, tendo-se destacado como um dedicado combatente na resistência do Nordeste Brasileiro ao ataque holandês. Henrique Dias viria inclusive a perder a mão esquerda em combate. Contam as crónicas da época que, após perder a mão, afirmara que lhe bastava ter a mão direita para defender a sua terra e o seu Rei.

As forças holandesas foram avançando e obrigando as tropas lideras por Albuquerque a recuar para a capitania da Bahia.

Matias de Albuquerque seria então intimado a retomar a Portugal, onde seria responsabilizado pelos fracassos da resistência à invasão e preso, permanecendo encarcerado até à Restauração da Independência, em 1640.

Maurício de Nassau, Governador da "Nova Holanda", desembarcaria no Recife em janeiro de 1637, consolidando o domínio holandês na região. 

A partir de 1642, já após a Restauração, a resistência à ocupação holandesa tornou a intensificar-se. A 15 de maio de 1645, reunidos no Engenho de São João, dezoito líderes militares portugueses assinariam um compromisso para lutar contra o domínio holandês no Brasil, dando assim origem à Insurreição Pernambucana. Henrique Dias seria um dos líderes do movimento, que também era composto por nomes como André Vidal de Negreiros, João Fernandes Vieira e Filipe Camarão, nascido com o nome de Poti, chefe nativo dos índios Potiguares.

Os holandeses sofreriam a primeira grande derrota na Batalha do Monte das Tabocas, em agosto de 1645. Nos anos seguintes, em 1648 e 1649, os revoltosos alcancariam novas vitórias nas Batalhas dos Guararapes, onde Henrique Dias desempenharia um papel decisivo. 

A 26 de janeiro de 1654, os holandeses assinariam a rendição, estabelecendo-se o Tratado da Campina de Taborda, pondo fim à ocupação holandesa do Nordeste brasileiro.

Henrique Dias seria nomeado pelo Rei D. João IV Cavaleiro da Ordem de Cristo, recebendo a patente de Mestre de Campo.

Henrique Dias viria a falecer no Recife, a 7 de junho de 1662, tendo sido sepultado no Convento de Santo António.

Em homenagem à sua coragem e dedicação, Henrique Dias seria designado, em 1992, patrono do então 28.º Batalhão de Infantaria Blindada, atualmente designado 28.º Batalhão de Infantaria Leve do Exército Brasileiro, localizado em Campinas, no Estado de São Paulo.

Ficaria para a História a carta que o Rei D. João IV enviaria a Henrique Dias em 1648, agradecendo a participação do Terço dos soldados negros na Guerra contra os Holandeses na Insurreição Pernambucana e ordenando a alforria dos soldados que ainda fossem escravos: 

"Henrique Dias, Eu El Rey vos envio saudar Por justas considerações que com os homens da vossa gente preta, representando-me a grande utilidade de que fora para a guerra do Brasil e restauração daquela Capitania, o terço dos homens pretos e pardos que com seu valor a ajudaram a recuperar e que conviria muito mandar libertar a parte que da dita gente for cativa, assim soldados como oficiais e com mais razão pois movidos pelos editais, que pelos Generais e Governadores se puseram nos quais em meu nome lhes prometeram serem forros e libertos largaram o serviço de seus donos e foram servir naquela guerra, pedindo-me que respeitando aos serviços que o dito Terço me fez. (...)  enquanto com os Estado de Holanda, não houver paz firme se conserve o Terço do dito Henrique Dias, dando liberdade em meu nome aos soldados e oficiais dele."

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