domingo, 28 de agosto de 2022

Expulsão dos Holandeses

António Teles da Silva, o primeiro Governador do Brasil depois da Restauração

Por Miguel Louro

Publicado na página Nova Portugalidade do Facebook em 6 de agosto de 2022.

António Teles da Silva nasceu em 1590, tendo optado desde cedo pela carreira militar.

Em 1625, ainda durante o reinado da dinastia filipina, embarcaria para o Brasil com o intuito de reconquistar Salvador aos invasores holandeses, no contexto da chamada “Jornada dos Vassalos”, uma monumental armada de cinquenta e dois navios e quase catorze mil homens, sob o comando de D. Fadrique de Toledo Osório, Capitão-Geral da Armada do Brasil, que seria capaz de bloquear o porto de Salvador, obtendo a rendição holandesa e a sua retirada deste território a 1 de maio desse ano.

Em recompensa pelos serviços prestados, em 1634 António Teles da Silva seria enviado ao Estado Português da Índia, enquanto Capitão-mor das naus de carreira.

Teles da Silva seria um dos vários fidalgos que participaram na Restauração da Independência, a 1 de dezembro de 1640. Em 1641 seria nomeado Mestre de Campo General do Alentejo, tornando-se também membro do Conselho de Estado e do Conselho de Guerra.

Em maio de 1642, António Teles da Silva seria nomeado Governador e Capitão-General do Estado do Brasil, substituindo D. Jorge de Mascarenhas, que havia sido chamado de volta a Portugal por D. João IV por suspeitas de deslealdade para com a nova dinastia. Até à chegada de Teles da Silva, governou o Brasil uma junta composta por Pedro da Silva Sampaio, Bispo de Salvador, Luís Barbalho Bezerra e Lourenço de Brito Correia. António Teles da Silva tomaria posse do governo em Salvador, a 30 de Agosto de 1642.

O governo de António Teles da Silva seria marcado pelo empenho na chamada Insurreição Pernambucana, um movimento militar contra o domínio holandês na Capitania de Pernambuco, liderado por André Vidal de Negreiros, João Fernandes Vieira, Henrique Dias e Filipe Camarão.

Em auxílio dos revoltosos, o Governador ordenaria o incêndio dos canaviais de Pernambuco, com o intuito de prejudicar os lucros dos holandeses, tendo ainda organizado as forças militares noutras regiões da América Portuguesa. Para tal, contactou o Governador da Capitania do Rio de Janeiro, Salvador Correia de Sá, que, no entanto, se recusou a participar na Insurreição, com a justificação de que não dispunha de forças militares suficientes para combater os invasores.

António Teles da Silva permaneceria no cargo até dezembro de 1647, quando seria substituído por António Teles de Meneses, conde de Vila Pouca de Aguiar. Permaneceria na Baía até 1650, dando prosseguimento aos negócios que havia iniciado, ano em que viria a falecer no naufrágio da nau Nossa Senhora da Conceição, integrante da frota do conde de Castelo Melhor, durante uma forte tempestade

O autor brasileiro Vivaldo Coaracy, na sua obra “O Rio de Janeiro no século 17”, refere que António Teles da Silva era um “homem íntegro e de alta reputação”. 

Na imagem, armas de António Teles da Silva, em frontispício de 1639.



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