domingo, 14 de julho de 2024

Landell de Moura: conheça o padre brasileiro que inventou o rádio


12/07/2024 - Observatório Espírita

Pioneiro das telecomunicações, religioso realizou a mais antiga transmissão de voz por ondas de rádio no país em 1899.

Em 1899, 23 anos antes da primeira transmissão de rádio feita a partir de estações instaladas no Brasil, um padre realizava a mais antiga transmissão de voz por ondas de rádio no país.

Nos Estados Unidos, Landell de Moura registrou as patentes de transmissões por ondas de rádio e por feixes de luz. No entanto, ao retornar ao Brasil o religioso teve pedidos por recursos e demonstrações negados pelo governo.

“Isso aconteceu em uma experiência pública – é um fato documentado – no dia 16 de julho de 1899, em São Paulo, mais especificamente no Colégio Santana, de onde partiram os sons iniciais de um aparelho de rádio, tanto de voz quanto de sons musicais”, diz o escritor e jornalista Hamilton Almeida, biógrafo do cientista há 45 anos.

De acordo com o especialista, a falta de apoio para o desenvolvimento de suas tecnologias resultou no esquecimento do nome do religioso. “Infelizmente, na época dele, o obscurantismo venceu. E o que se pretende agora, resgatando a sua história, é mostrar o pioneirismo e a importância de tudo que ele fez”, ressalta.

O padre também utilizava as ondas contínuas em suas transmissões. Em sua viagem aos Estados Unidos, recomendou a adoção de ondas curtas para aumentar as distâncias das transmissões. “Em síntese, padre Landell cogitou a possibilidade de transmissão à distância sem fio da voz humana e outros sons, textos e imagens”, explica.

Em seu livro “Padre Landell: o brasileiro que inventou o wireless”, Almeida revela que o cientista era reconhecido por inventores americanos porque seus experimentos serviram de referência a outros dispositivos de telecomunicação patenteados nos Estados Unidos.

Primeira transmissão

Na inédita demonstração pública de transmissão de rádio, em 16 de julho de 1899, o padre brasileiro disse “Toquem o Hino Nacional!”.

A transmissão de áudio entre o Colégio Santana, na Zona Norte de São Paulo, até a Ponte das Bandeiras, a cerca de quatro quilômetros de distância, deixou o público extremamente surpreso.

No livro que reúne os feitos do religioso, Hamilton Almeida desvenda lacunas da vida do inventor pelo Brasil e em outros países.

“Vi que a história do brasileiro estava incompleta e que ele era vítima de uma injustiça. Eu fui juntando as peças. Busquei centenas de pessoas que trabalharam e conviveram com ele, além dos documentos espalhados por muitos lugares”, afirma o biógrafo.

Segundo o especialista, duas experiências públicas de Moura em São Paulo foram documentadas. A segunda experiência, no ano seguinte da primeira, foi publicada em apenas um veículo, o Jornal do Comércio, do Rio de Janeiro.

Landell, segundo o biógrafo, patenteou o rádio no Brasil e nos Estados Unidos. “Eu consegui aprofundar uma série de aspectos nessa nova pesquisa. Tem uma informação também que eu considero muito importante é que a invenção dele nos Estados Unidos foi reconhecida por outros inventores. Consegui encontrar provas disso (e estão no livro)”.

(Com informações de Heloísa Granito, do Jornal da USP, e de Luiz Claudio Ferreira, da Agência Brasil)




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