segunda-feira, 8 de agosto de 2022

História do Brasil

Povoamento

As primeiras feitorias no Brasil foram construídas por cristãos novos, ou seja, judeus portugueses perseguidos, que fundaram as primeiras capitanias e engenhos de açúcar no Brasil, financiados pela comunidade judaica. 

Foram pioneiros no agronegócio, na indústria e na inserção de produtos manufaturados brasileiros no mercado internacional, até hoje presentes na lista de produtos exportados.

Os judeus já estavam no Brasil antes do reconhecimento político de 1500. Trabalhavam na extração do pau-brasil no litoral e na importação de metais preciosos do interior da América do Sul pelo Caminho de Peabiru.

Os cristãos novos migravam para o Brasil em busca de melhor qualidade de vida, pois eram perseguidos em Portugal. Nenhuma novidade, pois até a primeira metade do século vinte, o Brasil recebia grandes levas de imigrantes europeus e asiáticos em busca de novos horizontes e oportunidades. No século XVI os cristãos novos tinham uma meta, a liberdade e novos negócios. Para tanto as terras de além-mar receberam o apelido de Novo Mundo, com novos horizontes.

Para muitos judeus o Brasil era considerado a nova Canaã.

³⁰ Porventura não estão eles além do Jordão, junto ao caminho do pôr do sol, na terra dos cananeus, que habitam na campina defronte de Gilgal, junto aos carvalhais de Moré?

³¹ Porque passareis o Jordão para entrardes a possuir a terra, que vos dá o Senhor vosso Deus; e a possuireis, e nela habitareis

Deuteronômio 11:30,31

O Brasil, uma terra localizada no poente, atravessando o Atlântico, habitada por índios e com florestas onde se encontra o pau-brasil.

Em 1494, logo após o fim da guerra de reconquista da Península Ibérica, continente americano foi dividido entre os reinos de Castela e de Portugal, sendo o Brasil reconhecido politicamente como parte do Reino de Portugal em abril de 1500.

Após a expulsão dos últimos muçulmanos da Península Ibérica, ambos os reinos puderam concentrar suas forças para expandir suas fronteiras para "terras desconhecidas", dando continuidade ao processo de evangelização do Novo Mundo, iniciado nos primórdios do catolicismo por São Tomé, o apóstolo.

A Guerra de Reconquista da Península ibérica foi uma das mais longas da história, se desenrolando entre os anos de 722 e 1492.


Em 1516, foi construído o primeiro engenho de açúcar do Brasil, na capitania de Itamaracá, atual Pernambuco, destruído em 1530 por um corsário francês, que queimou as casas e matou os moradores.

Em 1532, Martim Afonso de Souza, funda a Vila de São Vicente junto a um povoado português existente, habitado por cristãos novos, próximo ao início do Caminho de Peabiru. Fundou também outros dois povoados, o da Ilha de Santo Amaro, protegido por um canal, e o de Santo André da Borda do Campo, no planalto, controlado pelo índio Tibiriçá e o cristão novo João Ramalho.

Em 6 de outubro de 1534, no reinado de Dom João III foram criadas as capitanias hereditárias, extintas em 1759 pelo Marquês de Pombal, sendo transformadas em capitanias reais.

Em 1535, financiado pela comunidade judaica, o navegador, fidalgo e militar português Duarte Coelho funda a capitania de Pernambuco, com sede em Olinda, onde seu cunhado constrói um engenho de açúcar. No mesmo ano foi fundada a Santa Casa de Misericórdia de Olinda, a primeira do Brasil. A capitania era famosa por abrigar judeus. Com o desenvolvimento da indústria do açúcar o povoado prosperou rapidamente sendo elevado à categoria de vila em 1537, transformando-se num dos mais importantes centros comerciais do Reino.

A tese de gente gananciosa que migrou para o Brasil em busca somente de riqueza fácil, como o ouro, não procede. As primeiras minas representativas só foram descobertas no final dos anos de 1600, ou seja, 200 anos depois.

Em 1535, o navegador português Vasco Fernandes Coutinho, com mais 60 homens, funda a capitania do Espírito Santo, atual cidade de Vila Velha sendo recebido por flechadas dos índios goitacás.

Em 1535, Francisco Romero, capitão-mor espanhol, funda a Capitania dos Ilheos, com sede em São Jorge dos Ilheos, atual Ilhéus.

Em maio de 1535, Fernandes Coutinho e cerca de setenta homens fundam o povoado de Espírito Santo, atual Vila Velha, primeiro povoado do estado do Espírito Santo. 

Em 1536, Braz Cubas, escudeiro do capitão Martim Affonso de Souz recebe uma sesmaria e funda o povoado de Santos, onde em 1543 foi construída a Casa de Misericórdia.

Em março 1536, é fundado o povoado de Nazaré, o primeiro do Maranhão, sendo abandonado em 1538 em função da hostilidade dos Tupinambás.

Em 1539, Pero Gois da Silveira, de origem judaica, constrói um engenho de açúcar em Itabapoana, atual município de São Francisco do Itabapoana, logo após receber a carta de doação da Capitania de São Tomé, ou Paraíba do Sul.

Em 1545, na foz do Rio São Francisco, foi fundado o povoado de Penedo, o primeiro de Alagoas. Elevado à categoria de vila em 1636. Em 1575, Cristóvão Lins, proveniente de Pernambuco, funda o povoado de Porto Calvo onde estabelece engenhos de açúcar.

Em 1549, com ambicioso plano urbanístico, foi fundada a cidade de São Salvador da Bahia de Todos os Santos, por mais de mil colonos, soldados e missionários jesuítas, sob o comando de Tomé de Sousa.

Em 1553, o missionário Padre José de Anchieta, de origem judaica, chega ao Brasil em São Salvador da Bahia. Em 1554 ajuda fundar a cidade de São Paulo que cresceu a partir do Colégio dos Jesuítas. Em 1555 escreve a Arte da Gramática da Língua Mais Falada no Litoral do Brasil, publicada em Portugal no final do século XVI. No Rio de Janeiro em 1567, junto com Mem de Sá e Padre Manoel da Nóbrega, ajudou a expulsar os franceses, hereges invasores.

Em 16 de junho de 1556, os caetés devoraram o primeiro bispo do Brasil, Dom Pedro Fernandes de Sardinha e 90 tripulantes, após um naufrágio na região de Alagoas.

Em 1569, o Padre José de Anchieta funda um aldeamento indígena na foz do rio Guarapari, atual cidade de Guarapari, elevada à categoria de vila em 1679.



Capitanias do Brasil em 1570


1574, em função de grande genocídio, foi extinta a capitania de Tamaracá, substituída pela Capitania da Parahyba, instalada somente em 1585.

1576, Pero de Magalhães lança o livro História da Provincia de Santa Cruz, após sua viagem ao Brasil. Não havia povoados portugueses no interior em função do não consentimento dos índios, além do mar permitir o socorro e melhor comunicação de mercadorias. A economia do Brasil não era mais próspera em função da constante fuga de índios escravizados. Havia também escravos africanos, da Guiné, mas esses eram mais seguros, pois não fugiam.


Igreja do Carmo de Olinda cuja construção foi iniciada por volta de 1580


Em 1582, em função de constantes ataques indígenas, a Capitania do Rio Grande (Norte) foi revertida à Coroa.

1585, a cidade de São Salvador da Bahia de Todos os Santos, fundada em 1549, já contava com cerca de 14 mil habitantes.

1586, construção do Forte de Cabedelo, na Parahyba, guarnecido por cerca de 220 homens, para a proteção da foz do rio Parahyba do Norte.

Em 1591, a florescente Villa de São Vicente, em São Paulo, foi incendiada pelo pirata inglês Thomaz Cavendish.

Em 1593, os jesuítas espanhóis fundam o povoado de Santiago de Xerez, o mais antigo do Mato Grosso Sul, localizado no atual município de Aquidauana.

Em janeiro de 1598, após a expulsão dos franceses, foi construída a Fortaleza dos Reis Magos, na barra do Rio Grande (Potegi), atual cidade de Natal, iniciando a ocupação da Capitania de Rio Grande. Próximo ao Forte, surgiu a Cidade dos Reis, depois conhecida como Natal. A expedição, proveniente de Pernambuco, foi comandada por Mascarenhas Homem e Jerônimo de Albuquerque, de origem mestiça. A primeira atividade econômica da capitania foi o açúcar, com produção pouco expressiva, no litoral. O interior começou a ser ocupado por boiadeiros provenientes da Paraíba e Pernambuco que fundam as primeiras cidades, como Apodi em 1610.

Em 1604, o capitão-mor Pero Coelho de Souza funda o Fortim de São Tiago da Nova Lisboa, na foz do rio Ceará, primeiro povoado português do estado do Ceará, no atual bairro de Barra do Ceará da cidade de Fortaleza.




Em 1615, após a expulsão dos franceses os portugueses fundam o segundo povoado mais antigo do Maranhão, a cidade de São Luís, junto ao forte construído pelos franceses em 1612. As primeiras duas atividades econômicas da capitania foram no litoral, a indústria do açúcar no vale do rio Itapecuru e da cultura do arroz no vale do rio Mearim. O interior só começou a ser ocupado no século seguinte, com a fundação de Campos Novos por boiadeiros em 1745, iniciando a agropecuária e o povoamento do interior.

Em 1616, início da construção do Forte do Presépio, primeira construção da cidade de Feliz Lusitânia, atual Belém, o povoado europeu mais antigo do Pará.

Em 1620, os jesuítas fundam o aldeamento indígena de São Brás, no atual bairro de Ingaíba de Mangaratiba. O povoado foi transferido 68 anos depois para o centro de Mangaratiba, sendo elevado à categoria de vila em 1831.

Em 1627, o Frei Vicente do Salvador escreve a História do Brasil.

Em agosto de 1627, os Sete Capitães, provenientes do Rio de Janeiro recebem uma sesmaria situada entre os rios Macaé e Iguaçu, atual lagoa do Açu, no atual município de Campos, antiga capitania de São Tomé. Após o reconhecimento da região iniciam a criação de gado para abastecer o mercado da cidade do Rio de Janeiro.





Capitanias


A União Ibérica (1580-1640) favoreceu a penetração portuguesa em território que, antes por direito, pertencia à Espanha segundo o Tratado de Tordesilhas. Nesse período o estuário do rio da Prata tornou-se importante centro de comércio entre portugueses e espanhóis.

Em 1630, os ingleses constroem o Forte de Cumaú, atual ponta da Cascalheira, na margem esquerda do rio Amazonas, 15 quilômetros ao sul de Macapá. No ano seguinte o forte foi conquistado pelo Capitão-mor do Pará, Jácome Raimundo de Noronha, recebendo o nome de Forte de Santo Antônio. Em 1740, o forte em ruínas foi reconstruído por um grupamento militar, originando um povoado, atual Macapá, povoado europeu mais antigo do Amapá, elevado à condição de vila em 1758, na época que recebeu colonos Açorianos.

Em 28 de outubro de 1637, o capitão-mor Pedro Teixeira, cavaleiro da Ordem de Cristo, parte de Cametá no rio Tocantins, com 70 canoas, sendo 45 grandes com 20 remadores cada, 70 soldados e 1.200 índios guerreiros, em expedição pelo rio Amazonas para demarcar o território português. Chegam a foz do rio Napo, atual Equador, depois de 8 meses de viagem e quatro meses depois a Quito de onde fazem o caminho de retorno. Em 16 de agosto de 1639, na margem esquerda do rio Aguarico, na confluência com o rio Napo, atual fronteira Peru-Equador, Pedro Teixeira tomou posse da Amazônia portuguesa daquele ponto para o leste, com a presença de militares da expedição e de religiosos espanhóis. No local foi fundado o povoado de Franciscana. Com a demarcação, a maior parte da Amazônia passou a ser portuguesa. O rei Felipe IV autorizou.

Em 1645, os herdeiros da coroa portuguesa passaram a ser reconhecidos com príncipes. Teodósio, filho de Dom João IV recebe o título de Príncipe do Brasil. O Brasil passa da categoria de Estado para Principado, ganhando bandeira própria.

Principado do Brasil (1645-1816)


Em 1647, foi fundado o primeiro povoado do atual estado de Santa Catarina, Nossa Senhora da Graça do Rio São Francisco, atual São Francisco do Sul, elevado à categoria de vila em 1660.

Em 1669, é fundado o Forte da Barra de São José, primeira construção da cidade de Manaus, o povoado português mais antigo do Amazonas.

Em 1674, o bandeirante Fernão Dias Paes Leme funda Ibituruna, o primeiro povoado das Minas Gerais.

Em 1676, Francisco Dias D´Ávila, com um grupo de índios da Bahia, fundam Jerumenha, o primeiro povoado do Piauí, iniciando a primeira atividade econômica do estado, a pecuária.

Em julho de 1676, os portugueses fundam o povoado de Santo Antônio dos Anjos de Laguna, atual Laguna, extremo sul do território português (segundo o Tratado de Tordesilhas), servido de base para o projeto de expansão das fronteiras do Reino de Portugal até o rio da Prata.

Alguns meses depois foi iniciado o povoamento da ilha dos Patos, atual Santa Catarina, por Francisco Dias Velho Monteiro, com sua família, dois padres e 500 índios provenientes de São Vicente. Fundam o povoado de Nossa Senhora do Desterro, atual Florianópolis, elevada à categoria de vila em 1726.

Em 1680, numa expedição proveniente do Rio de Janeiro, Dom Manuel Lobo, então governador da Capitania do Rio de Janeiro, com sete barcos, soldados e índios funda a Colônia de Santíssimo Sacramento na foz do Rio da Prata, ponto estratégico para o comércio com o interior do continente. O povoado, o primeiro fundado por europeus no Uruguay, desencadeou uma série de conflitos com a coroa espanhola. Em 1734, os espanhóis fundaram a cidade de Montevideo para contrapor a presença portuguesa na região.

Em 1688, os jesuítas fundam o aldeamento indígena de São Francisco Xavier, um dos mais importantes do Rio de Janeiro, atual Itaguaí.

Em 1690, bandeirantes paulistas descobrem jazidas de ouro em Sabará. 

Em 1695, Domingos Afonso Mafrense funda o povoado de Mocha, atual Oeiras, segundo povoado português do Piauí, elevado à categoria de vila em 1712. A ocupação do Piauí, diferente dos outros estados, começou pelo interior.

Em 1697, Teodósio de Oliveira Ledo, junto com os índios Ariús, funda o povoado de Campina Grande na Parahyba.

O Ceará só começou a ser efetivamente ocupado após a expulsão dos holandeses. Em 1699, foi fundado Aquiraz, o primeiro povoado da capitania, subordinada à Capitania de Pernambuco. A primeira atividade econômica do Ceará foi a agropecuária para abastecer o mercado consumidor de Pernambuco e posteriormente de Minas Gerais. Em 1720 Aracati, com a produção de charqueada (carne seca) se tornou o principal polo econômico da capitania.

Em 1697, é fundado o povoado de Ouro Preto, nas Minas Gerais.


Em 1700, Borba Gato revela a existência de ouro no vale do rio das velhas, nas proximidades de Sabará, iniciando a corrida do ouro para a região. São João del Rey, Mariana, Ouro Preto e Sabará foram os quatro grandes núcleos da formação de Minas Gerais.

Em 1725, os carmelitas fundam os primeiros aldeamentos indígenas no atual estado de Roraima, iniciando o processo colonizador português na região. 


Em 1737, os portugueses criam o continente de São Pedro, atual estado do Rio Grande do Sul, e a vila de Rio Grande, sede do território ponto estratégico de contato do oceano Atlântico com a Lagoa dos Patos.

1747, é criada a freguesia de Nossa Senhora da Conceição do Viamão, atual Viamão, a meio caminho entre os povoados de Laguna e Rio Grande.

Em 1750, foi assinado o Tratado de Madrid, substituindo o Tratado de Tordesilhas que praticamente definiu os atuais limites do Brasil. O novo tratado foi baseado no princípio do direito romano que definia "quem tem de fato tem de direito". A Colônia de Sacramento voltou a ser espanhola.

Tratado de Madrid de 1750

Em 1752, chegam a Viamão a primeira leva de imigrantes Açorianos para o povoamento do continente de São Pedro, nomeadamente para missões jesuíticas, o que nunca aconteceu. O local onde desembarcaram passou a ser denominado Porto dos Casais, atual Porto Alegre.

Em 1759, melhorando o sistema de defesa, foi iniciada a construção de uma série de fortalezas na região amazônica: 

1760        Gurupá, com um pequeno povoado
1761        São Gabriel da Cachoeira
1761        São José de Marabitanas, no rio Negro
1761        São José de Macapá, com pequeno povoado
1762        Santarém, com um pequeno povoado
1762        Rio Javari

Em Pernambuco foram construídos 12 fortes.

Em 1760, o continente de São Pedro foi transformado na Capitania de São Pedro, ainda atrelada à Capitania do Rio de Janeiro. 

Em 1763, a vila de Rio Grande foi invadida por espanhóis e a sede da capitania foi transferida para Viamão. Em 1773, a sede da capitania foi novamente transferida, desta vez definitivamente para Porto Alegre.

Em 1775, os portugueses constroem o Forte de São Joaquim na confluência do rio Branco (atual rio Uraricoera) com o rio Tacutu, 32 quilômetros ao norte de Boa Vista, consolidando o povoamento português do atual estado de Roraima. A expedição para sua construção partiu de Barcelos, sede da capitania de São José do Rio Negro, localizada no rio Negro. 

Somente em 1807 a Capitania de São Pedro foi desmembrada da Capitania do Rio de Janeiro, sendo transformada na Capitania de São Pedro do Rio Grande do Sul, com sede na Freguesia de Nossa Senhora Madre de Deus de Porto Alegre.




Em 1870, início da exploração da borrocha na amazônia, intensificando sua ocupação. Inclusive no Acre, território boliviano ocupado por brasileiros a partir de 1880.









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